sexta-feira, 1 de junho de 2012


Habitação Pinto Sousa

Arquitecto Alcino Soutinho

1984-1988


As características do contexto de intervenção e o modo como o projecto lhes responde

A habitação Pinto Sousa está inserida no pinhal de Ofir, a obra ficou ao encargo do arquitecto Alcino Soutinho que teve neste local a oportunidade de executar o projecto livremente, pelo facto de não existir nenhum tipo de edificado em redor.

  A primeira proposta apresentada pelo arquitecto ao propriatario foi rejeitada pelo facto de este ultimo não se identificar com a obra ,pelo motivo de que esta  se extenderia por quase toda a dimensão do terreno e seria toda ela distribuída num piso térreo. Apos um trabalho conjunto entre ambas as partes , arquitecto e propriatario, surgiu o segundo e definitivo projecto.

A casa foi pensada como uma habitação de ferias que poderia ser permanentemente habitada. Devido a liberdade concebido pelo terreno o arquitecto faz uma obra onde utiliza:

“una morfologia plural e heterogénea no tratamento das fachadas, com um aspecto agressivo e ousado nos alçados com a calma e comodidade das estruturas interna”1

Com tal a casa aparece no terreno orientada norte-sul sendo que a fachada norte é quase toda ela cerrada tendo apenas o momento de entrada a cota baixa como exepção de abertura, nesta mesma fachada temos um aspecto de arquitectura arabe onde toda a drenagem da agua é feita pelas pendentes do telhado e escorre pelas paredes. A fachada sul é bastante clássica pelo facto da marcação de aberturas serem todas elas simétricas, e onde se usam umas pequenas entradas de luz circulares. Esta é a zona pela qual a casa se abre mais para o terreno levando assim a uma maior interacção com a natureza envolvente. Na fachada este temos presente um acesso exterior a cota superior, sendo este um acesso subentendido, já na fachada este e sobre a sala encontra-se a suite principal que tem adjacente a si o único varandim exterior, conferindo assim a exclusividade necessária.

Assim sendo podemos dizer que a casa aparece no terreno como uma forma contida que se abre na zona mais a sul permitindo assim que a luz seja uma constante dentro de todo o edifício criando um ambiente harmonioso e tranquilo.

A lógica funcional e espacial da planta que melhor representa o projecto
A casa aparece com o desenho rectangular e tem nela presente a simetria vinda do classico, que divide em duas partes iguais a área interior.

Cumpre com a função social, sala de estar, sala de jantar, cozinha, quarto de hospedes e casa de banho no piso de cota baixa e com a função mais privada no piso superior onde temos dois quartos de banhos, um escritório e três quartos, sendo um deles uma suite. O factor luz esta sempre presente, principalmente na zona mais a sul onde todas as divisões se abrem perante o exterior. Criando assim uma grande tranquilidade a nível interior, sendo esta luz muito mais contralada na zona norte, pois a única abertura existente encontra-se na entrada.

“…Suporta-se em torno do ambiente para procurar o sol, a claridade e a presença estimulante e regaladora do Atlântico”2

A logica funcional e espacial do corte que melhor representa o projecto

Contrariamente ao esperado do exterior, na cota superior toda a cobertura adquire uma pendente que traduz vários tipos de espaços com altimetria variada, dai a imensa complexidade na tradução do projecto para a construção.

A verticalidade está presente no edifício associada a articulação dos espaços, assim sendo, adquire tanto no momento de entrada como na zona de refeições um balcão a cota superior, balcão este que se encontra na zona de distribuição para os quartos permitindo assim uma inter-relação entre a zona mais social e privada. No acesso da zona de entrada, para qualquer divisão temos sempre a variação de cotas presente mesmo que essa seja mínima como no acesso a sala de estar ou ao quarto de hospedes.

“Os objectivos prioritários do sistema de articulação consistem na recuperação , mediante vazios e cheios, da perspectiva vertical nas áreas colectivas…”3

Os aspectos mais próximos dos modelos canónicos do movimento moderno

Este edifício aproxima-se modelos canónicos do movimento moderno, no facto das pendentes feitas na cobertura, com o objectivo de fazer a drenagem das aguas do edifício necessitarem de novas tecnologias a nível da engenharia. O facto do uso das clarabóias para entrada de luz,  ate mesmo o facto de a casa ter as zonas sociais como sala de jantar e varanda e as zonas privadas como os quartos e o escritório todas viradas a sul de forma a que a luz incida sobre todas estas zonas durante os momentos de luz.

Os aspectos mais se distanciam dos modelos canónicos do movimento moderno

Por outro lado, a fachada estruturada, a simetria das plantas e o uso de janelas redondas levam-nos para uma vertente clássica da arquitectura.

A escolha da cor rosa nas paredes exteriores, faz lembrar as casas senhoriais dos tempos clássicos, também faz uso da cor verde nas caixilharias mas com o intuito de interagir com a paisagem . Devido ao ambiente interior de calma e tranquilidade, é na sua totalidade recheada de elementos clássicos a todos os níveis mesmo ate ao mobiliário.
[1],[2],[3]- Housing Architecture, edição nº4