Habitação Pinto Sousa
Arquitecto Alcino
Soutinho
1984-1988
As características do
contexto de intervenção e o modo como o projecto lhes responde
A habitação Pinto Sousa está inserida no
pinhal de Ofir, a obra ficou ao encargo do arquitecto Alcino Soutinho que teve
neste local a oportunidade de executar o projecto livremente, pelo facto de não
existir nenhum tipo de edificado em redor.
A primeira proposta apresentada pelo
arquitecto ao propriatario foi rejeitada pelo facto de este ultimo não se identificar
com a obra ,pelo motivo de que esta se
extenderia por quase toda a dimensão do terreno e seria toda ela distribuída
num piso térreo. Apos um trabalho conjunto entre ambas as partes , arquitecto e
propriatario, surgiu o segundo e definitivo projecto.
A casa foi
pensada como uma habitação de ferias que poderia ser permanentemente habitada. Devido
a liberdade concebido pelo terreno o arquitecto faz uma obra onde utiliza:
“una morfologia plural e heterogénea
no tratamento das fachadas, com um aspecto agressivo e ousado nos alçados com a
calma e comodidade das estruturas interna”1
Com tal a
casa aparece no terreno orientada norte-sul sendo que a fachada norte é quase
toda ela cerrada tendo apenas o momento de entrada a cota baixa como exepção de
abertura, nesta mesma fachada temos um aspecto de arquitectura arabe onde toda
a drenagem da agua é feita pelas pendentes do telhado e escorre pelas paredes.
A fachada sul é bastante clássica pelo facto da marcação de aberturas serem
todas elas simétricas, e onde se usam umas pequenas entradas de luz circulares.
Esta é a zona pela qual a casa se abre mais para o terreno levando assim a uma
maior interacção com a natureza envolvente. Na fachada este temos presente um
acesso exterior a cota superior, sendo este um acesso subentendido, já na
fachada este e sobre a sala encontra-se a suite principal que tem adjacente a
si o único varandim exterior, conferindo assim a exclusividade necessária.
Assim sendo
podemos dizer que a casa aparece no terreno como uma forma contida que se abre
na zona mais a sul permitindo assim que a luz seja uma constante dentro de todo
o edifício criando um ambiente harmonioso e tranquilo.
A lógica funcional e
espacial da planta que melhor representa o projecto
A casa
aparece com o desenho rectangular e tem nela presente a simetria vinda do
classico, que divide em duas partes iguais a área interior.
Cumpre com a
função social, sala de estar, sala de jantar, cozinha, quarto de hospedes e
casa de banho no piso de cota baixa e com a função mais privada no piso
superior onde temos dois quartos de banhos, um escritório e três quartos, sendo
um deles uma suite. O factor luz esta sempre presente, principalmente na zona
mais a sul onde todas as divisões se abrem perante o exterior. Criando assim
uma grande tranquilidade a nível interior, sendo esta luz muito mais contralada
na zona norte, pois a única abertura existente encontra-se na entrada.
“…Suporta-se em torno do ambiente
para procurar o sol, a claridade e a presença estimulante e regaladora do
Atlântico”2
A logica funcional e
espacial do corte que melhor representa o projecto
Contrariamente
ao esperado do exterior, na cota superior toda a cobertura adquire uma pendente
que traduz vários tipos de espaços com altimetria variada, dai a imensa
complexidade na tradução do projecto para a construção.
A
verticalidade está presente no edifício associada a articulação dos espaços,
assim sendo, adquire tanto no momento de entrada como na zona de refeições um
balcão a cota superior, balcão este que se encontra na zona de distribuição
para os quartos permitindo assim uma inter-relação entre a zona mais social e
privada. No acesso da zona de entrada, para qualquer divisão temos sempre a
variação de cotas presente mesmo que essa seja mínima como no acesso a sala de
estar ou ao quarto de hospedes.
“Os objectivos prioritários do
sistema de articulação consistem na recuperação , mediante vazios e cheios, da
perspectiva vertical nas áreas colectivas…”3
Os aspectos mais
próximos dos modelos canónicos do movimento moderno
Este
edifício aproxima-se modelos canónicos do movimento moderno, no facto das
pendentes feitas na cobertura, com o objectivo de fazer a drenagem das aguas do
edifício necessitarem de novas tecnologias a nível da engenharia. O facto do
uso das clarabóias para entrada de luz,
ate mesmo o facto de a casa ter as zonas sociais como sala de jantar e
varanda e as zonas privadas como os quartos e o escritório todas viradas a sul
de forma a que a luz incida sobre todas estas zonas durante os momentos de luz.
Os aspectos mais se
distanciam dos modelos canónicos do movimento moderno
Por outro
lado, a fachada estruturada, a simetria das plantas e o uso de janelas redondas
levam-nos para uma vertente clássica da arquitectura.
A escolha da
cor rosa nas paredes exteriores, faz lembrar as casas senhoriais dos tempos
clássicos, também faz uso da cor verde nas caixilharias mas com o intuito de
interagir com a paisagem . Devido ao ambiente interior de calma e
tranquilidade, é na sua totalidade recheada de elementos clássicos a todos os
níveis mesmo ate ao mobiliário.
[1],[2],[3]- Housing Architecture, edição nº4